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quarta-feira, 30 de junho de 2010

Um casulo

“Às vezes é preciso recolher-se. O coração não quer obedecer, mas alguma vez aquieta; a ansiedade tem pés ligeiros, mas alguma vez resolve sentar-se à beira dessas águas. Ficamos sem falar, sem pensar, sem agir. É um começo de sabedoria, e dói. Dói controlar o pensamento, dói abafar o sentimento, além de ser doloroso parece pobre, triste e sem sentido. Amar era tão infinitamente melhor; curtir quem hoje se ausenta era tão imensamente mais rico. Não queremos escutar essa lição da vida, amadurecer parece algo sombrio, definitivo e assustador. Mas às vezes aquietar-se e esperar que o amor do outro nos descubra nesta praia isolada é só o que nos resta. Entramos no casulo fabricado com tanta dificuldade, e ficamos quase sem sonhar. Quem nos vê nos julga alheados, quem já não nos escuta pensa que emudecemos para sempre, e a gente mesmo às vezes desconfia de que nunca mais será capaz de nada claro, alegre, feliz. Mas quem nos amou, se talvez nos amar ainda há de saber que se nossa essência é ambigüidade e mutação, este silencio é tanto uma máscara quanto foram, quem sabe, um dia os seus acenos”.




Por Lya Luft .

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Florbela Espanca

Por falta de inspiração por conta do jogo do Brasil, aqui vai uma florzinha pra vocês :)

Good afternoon for all :)



“O meu mundo não é como o dos outros, quero demais, exijo demais, há em mim uma sede de infinito, uma angústia constante que nem eu mesma compreendo, pois estou longe de ser uma pessimista; sou antes uma exaltada, com uma alma intensa, violenta, atormentada, uma alma … que tem saudade…sei lá de quê!”

domingo, 27 de junho de 2010

É verdade

-Não viva apegada ao passado!
-Quem eu? Você está dizendo isso comigo? Porque? Quem te disse que eu vivo apegada ao passado!

É, você vive mesmo, te libertas!

Esse dialeco foi um dos mais verdadeiros.
Eu vivo apegada ao passado, por alguns instantes, minutos e até talvez dias. Mas a quem isso importa? Tá fazendo mal a quem? A mim? Pode ser, sim. Mas e daí? Ta doendo em você? Em mim está! E vai dizer pra mim que tu não ficastes apegada a alguma coisa do passado algum dia da tua vida?!?! A vá! Os momentos mais bonitos das lembranças não vão se apagar! E eu nunca quero extingui-los, fazem parte do meu EU, da minha vida, de mim.

"Eu tenho andado tão sozinho ultimamente, que não vejo a minha frente nada que me dê prazer, sinto cada vez mais longe a felicidade vendo em minha mocidade tanto sonho perecer, eu queria ter na vida simplesmente um lugar de mato verde pra plantar e pra colher, ter uma casinha branca de varanda, um quintal e uma janela, para ver o sol nascer."

"Sabe, eu pensei que fosse fácil, esquecer teu jeito frágil de se dar sem receber, só você. Só você que me ilumina meu pequeno talismã, nos momentos mais difíceis você é o meu divã."

sábado, 26 de junho de 2010

Os olhos dele

- Esperava ansiosa por ele, ele chegou sem muito entusiasmo ou novidade, como sempre lotado e impaciente. Eu subi, não olhei para o motorista, raras vezes eles me interessam e mais raríssimas vezes ainda merecem algum tipo de comprimento, são grosseiros ao extremo, haja vista que é um ‘serviço público’ e assim como os demais não há absolutamente nada de digno. Enfim, não havia como me acomodar, até o acento reservado para deficiente estava La, amontoado. O ônibus parou novamente eu nem me dei conta que vinha subindo um homem, alvo, jovem e bonito de óculos escuros, ele olhava fixamente para a lateral do ônibus, procurei pra ver o que ele tanto olhava, não vi nada, uma janela talvez? O outro lado da rua? Tinha quatro olhos, dois deles, ele necessitava, outros dois brotaram nele sem muita utilidade. Vi um movimento de repulsa no meio do ônibus um cachorro entrava com ele, olhos azuis, branco, com sua língua para fora respingando em qualquer um que ali por perto estivesse, eles subiram, todos olhavam para eles. Os olhos do homem eram os olhos de seu cachorro, azuis, enxergava tudo, não deixava passar nada, cheirava e examinava cada pessoa que estava por perto.
As pessoas que estavam no lugar reservado para deficiente se mexeram e ele pode enfim se acomodar, fez um carinho caloroso e cochichou alguma coisa no ouvido do cachorro, que entendeu e comportou-se bem. As pessoas pararam de olhar e o ônibus seguiu seu caminho. Ele olhava para os lados, como se pudesse ver alguma coisa, passou quase que a viagem inteira acariciando aquele cachorro, o cuidado que ele tinha com seus olhos, os que agora eram dele, os que tinham lhe arranjado, os que lhe emprestaram, sabia conservá-los, era merecedor deles, muito mais até dos que tinham olhos que podiam ver. Depois de umas quatro paradas examinando aquele homem desci do ônibus, fiquei pensando na história de vida dele, como ele tinha ficado sem visão ou se nascerá assim, não sei, nunca mais o vi no ônibus, não soube seu nome, nem a pretensão que ele tinha na vida. Segui meu caminho, cheguei em casa, comecei a escrever, aquele homem por alguns minutos fez parte da minha vida, me fez pensar, escrever, me emocionar.


Os olhos de um cego são os dedos das mãos, é o coração, é uma boa ação.
Os olhos de um cego são a bengala, é mão estendida na calçada, é a boa vontade de graça.
Os olhos de um cego são os ouvidos, é a vontade de estar vivo, é um ser humano envolvido.

terça-feira, 22 de junho de 2010

A copa do mundoooooooo :)

Pois bem, estava com meus filhos, o Marcelinho, o Rick, o Órion a Pri e a Nati assistindo a mais uma façanha do Brasil em copas, depois de ter perdido na África do Sul para Portugal por 5x1 em 2010 o Brasil nunca mais foi o mesmo. Depois do nosso craque Kaka ter resolvido parar de jogar por conta da Igreja Renascer. Luís Fabiano brigou com o atual técnico e não foi convocado, Nilmar descobriu que seu dom mesmo era ser funkeiro.O ganso morreu afogado em 2012 naquela enchente em que o mundo se acabou. A seleção nunca mais foi a mesma! Na copa de 2014 que foi aqui no Brasil e eu tive o desprazer de assistir a dois jogos, o Brasil foi uma vergonha. Perdeu em casa e não foi se quer para as semi. Brasileiros incrédulos, furiosos saíram quebrando tudo, nesta copa cerca de quinhentas mil pessoas foram assassinadas a maioria delas claro os argentinos, sim eles mesmos os nossos hermanos, porque em 2014 com um mês para começar a copa os policiais federais entraram em greve, queriam um aumento de 15% Dilma não deu, não tinha como o Brasil gastou 11 Bilhões para sediar a copa, os ingressos aqui eram os mais altos possíveis, coisa de louco mesmo! Um caos se alastrou no Brasil naquela copa, se Lula soubesse não teria passado essa batata pegando fogo para Dilminha que agora com plástica de abdômen só anda com roupas salientes, uma vergonha nacional, depois de ter sido flagrada em Tambaba nua com o Ex senador da Paraíba atual ministro da fazenda, Efraim Moraes. Agora em 2018 a copa esta sendo sediada na Índia, inacreditável né? Mas depois de duas gerras miliares a FIFA queria dar uma ‘ajudinha’ mesmo que pequena a Índia. Dizem por aí que um dos critérios que os indianos adotaram de purificação é que todos os jogadores só podem tomar banho no Rio Ganges, e o Pato, sim o pato o nosso jogador, já passa dos 15 dias sem lavar a cueca, isso mesmo gente! Inacreditável não? Isso são fontes da Rede TV, eu nunca acreditei muito nela, mas depois que William Bonner se separou de Fátima, casou com a SIRI ex BBB e está trabalhando lá eu não duvido de nada. Bem gente, todos aqui de casa estamos torcendo muito para que o Brasil se torne Hexa, afinal a merda da Argentina ta se achando porque ganhou a copa de 2014 aqui em nossa humilde residência. Bom Brazucas temos que dar a volta por cima! Não abandonaremos nosso verde-louro JAMAIS!
Beijos e até a segunda fase : )
Maísa Gomes, 23.06.2018

Digno de dolo

E não adianta de maneira alguma você ou qualquer outra pessoa vir falar que não dá certo, que não devo tentar ser ou fazer. Independente do teu modo de pensar eu vou, eu irei! Não adianta chorar, se esmiuçar ou a boca porca falar. Cala-te diante de mim. Não posso mais ouvir tuas vozes, vá para longe, esconda-te onde eu jamais possa enxergar-te, para mim já não és digno de zelo. Tua presença se perdeu e falta eu nem tenho, nem ao menos dos grandes olhos teus. Perca-te, amadureça, flagele-se, seja digno de dolo. Jamais olhe-me de novo, sou a menina dos olhos de Deus. Tua peça é desfigurada, teu sentido se desfaz, tuas palavras se contradizem, não és quem disse que és. Não me olhe, não me critique, nem me anime. Suas palavras são cruas, teu jeito é frio, tua sensibilidade é mísera, tua necessidade é muita. És pouco e pequeno, mimado e salgado. Sou curta e grossa. Grande e abundante, madura e doce.

Te desfizestes ao passar dos anos.
Morrestes sem planos.
Ficastes a esperar, à beira mar, alguém que nunca irá passar.

Maísa Gomes :)

domingo, 13 de junho de 2010

Ausência

Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar seus olhos que são doces...
Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres exausto...
No entanto a tua presença é qualquer coisa, como a luz e a vida...
E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto...
E em minha voz, a tua voz...
Não te quero ter, pois em meu ser tudo estaria terminado...
Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados...
Para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoada...
Que ficou em minha carne como uma nódoa do passado...
Eu deixarei...Tu irás e encostarás tua face em outra face...
Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada...
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu...
porque eu fui o grande íntimo da noite...
Porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa...
Porque os meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço
E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado.
E eu ficarei só como os veleiros nos portos silenciosos
Mas eu te possuirei mais que ninguém, porque poderei partir.
E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas,
serão a tua voz presente, tua voz ausente, a tua voz serenizada.





Vinicius de Moraes

quinta-feira, 10 de junho de 2010

És de vidro ...


-posso abraçar-te?
-eu sou de vidro.
-eu abraço-te com jeitinho.
-tenho medo.
-medo?
-de me estilhaçar nos teus braços.
-se esse é o teu único fim, ao menos que seja comigo.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

O que sempre soube das mulheres, mas tive a mesma de perguntar

"Tratam-nos mal, mas querem que as tratemos bem. Apaixonam-se por serial-killers e depois queixam-se de que nem um postalinho. Escrevem que se desunham. Fingem acreditar nas nossas mentiras desde que te tenhamos graça a pregá-las. Aceitam-nos e toleram-nos porque se acham superiores. São superiores. Não têm o gene da violência, embora seja melhor não as provocarmos. Perdoam facilmente, mas nunca esquecem. Bebem cicuta ao pequeno-almoço e destilam mel ao jantar. Têm uma capacidade de entrega que até dói. São óptimas mães até que os filhos fazem 10 anos, depois perdem o norte. Pelam-se por jogos eróticos, mas com o sexo já depende. Têm dias. Têm noites. Conseguem ser tão calculistas e maldosas como qualquer homem, só que com muito mais nível. Inventaram o telemóvel ao volante. São corajosas e quando se lhes mete uma coisa na cabeça levam tudo à frente. Fazem-se de parvas porque o seguro morreu de velho e estão muito escaldadas. Fazem-se de inocentes e (milagre!) por esse acto de bondade tornam-se mesmo inocentes. Nunca perdem a capacidade de se deslumbrarem. Riem quando estão tristes, choram quando estão felizes. Não compreendem nada. Compreendem tudo. Sabem que o corpo é passageiro. Sabem que na viagem há que tratar bem o passageiro e que o amor é um bom fio condutor. Não são de confiança, mas até a mais infiel das mulheres é mais leal que o mais fiel dos homens. São tramadas. Comem-nos as papas na cabeça, mas depois levam-nos a colher à boca. A única coisa em nós que é para elas um mistério é a jantarada de amigos - elas quando jogam é para ganhar. E é tudo. Ah, não, há ainda mais uma coisa. Acreditam no Amor com A grande mas, para nossa sorte, contentam-se com pouco."


(Crónica de Rui Zink, professor e escritor, no jornal gratuito, O Metro. Publicada a 8/03/2010.)

Ferreira Gullar

"A arte existe porque a vida, só, não basta." Esta é uma das frases lapidares do poeta Ferreira Gullar, maranhense prestes a completar 80 anos e a lançar mais um livro - Em alguma parte alguma. Ao longo do tempo, Gullar refinou sua linguagem poética sem jamais perder a capacidade de observação e indignação que o leva a ganhar, agora, o Prêmio Camões, principal distinção concedida a autores de língua portuguesa. 

sábado, 5 de junho de 2010