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segunda-feira, 31 de maio de 2010

Não me critique coração


Não costumo olhar a passagem, muito menos distinguir credo, raça ou cor. Pra mim é tudo facilmente igual. Não sei se sou notada, simplesmente passo e faço. Faço o tipo carrancuda, mas me auto confidencio, sou muito bem humorada, obrigada! Sou pouca e calma. Não me dilacere o coração. Sou água e alma. Não me desconcerte sem razão. Sou pouca voz e muito choro. Sou um coral berrante, sou magnitude escaldante. Sou pouca vela, sou muita luz. Sou nua e crua como sempre quis. Não me tire à razão, não me critique coração. Muito de ti é um pouquinho de mim. Sem razão.

Maísa Gomes

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Foi um número



Vi ele tantas vezes, mas não costumava olhar com atenção...
Então olhei.

Ele tinha um semblante caído meio desfalecido, mas me admirava . Foi lutador, daqueles que deviam ter sua história narrada em um filme. Mas não foi bem assim.
Ele andava por aí, pés descalços, maltratado, enfadado e cansado.
Ele parecia ter uns 45 ou 50 anos. A idade dele não me importava. Na verdade o que importa a mediocridade social? Ele tinha braços fortes, cabelos brancos e andava por aí maltrapilha, sujo.
Sua roupa era cansativamente sempre a mesma, um terno preto, uma calça daquelas de pijamas, mas ambos muito sujos. Todos os dias passava sempre pelo mesmo lugar, pelas mesmas ruas, rotineiramente nos mesmos horários.
Em um dia de calor escaldante, ele andava descalço, contanto os passos, olhando sempre para o chão. Era como se tivesse medo de enfrentar o rosto e ver olhar das pessoas.
Quando com fome estava, parava em algum lugar, catava o saco do lixo e comia, não se importava. Já não sentia cheiro, medo, vontade, nem tinha porque. A tempos não tomava banho, não sentia o prazer de estar limpo. Peregrinava o dia inteiro, uma jornada exaustiva e quando a noite chegava não tinha para onde voltar. Contentou-se com a vida. Morreu com pouco.
Vi ele com fome, sede, sem família,largado, jogado e esquecido diante da moralidade. Vi ele caído, derrubado, exausto, sentido, procurando o chão, um abrigo. Não pude fazer nada. Tive medo.
Teve família mas já não sabia quem era. Não sabia seu nome, sua idade, se teve filhos, se já foi casado.
Órgãos da cidade nunca deram atenção, passavam , olhavam e a cara viravam. Não se importavam com o cidadão.
Ele não tinha voz, não teve vez. Não acrescentou muita coisa no mundo, para as estatísticas foi mais um, mais um número. Alguém que teve fome, sede, foi pobre e assim morreu.
Ele foi embora, nunca me olhou nos olhos, nunca disse Adeus, nunca foi de verdade, nunca voltou de onde veio, nunca viveu. Morreu na cidade. Para a sociedade nunca viveu. Foi mais um número que Jesus não deu.


Chamam ele de João, outros chamam de Antônio, mas realmente não sei seu nome. Nem ele sabe. Anda por Campina Grande, o vejo quando estou indo para a faculdade.
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Mendigo, mendicante, morador de rua ou sem-teto é o indivíduo que vive em extrema carência material, não podendo garantir a sua sobrevivência com meios próprios. Tal situação de indigência material força o indivíduo a viver na rua, perambulando de um local a outro, recebendo o adjetivo de vagabundo, ou seja, aquele que vaga, que tem uma vida errante.

O estado de indigência ou mendicância é o mais grave dentre as diversas gradações da pobreza material.

domingo, 16 de maio de 2010

Falo assim, mas falo é de mim ...

                                         


Não conseguia ir, mas não podia ficar. Era uma luta incessante contra si. Não sabia mais o que fazer, não podia caminhar. Suas pernas travaram diante daquelas palavras de desprezo. Seu ego havia sido quebrado, se partido em miúdos pedaços. Não seria mais justo colá-lo. Seus olhos aglomeravam lágrimas de candura. Era uma doce criatura, tinha um jeito manso, as vezes era áspera – quando necessário Ser fosse. Sabia falar, tinha um jeito dengoso de Amar, era livre e não podia se prender – mesmo que quisesse. Era calma como uma noite ao Mar, mas podia ser tão brava quanto um siri. Quando conseguiam, admiravam seus olhos negros como ameixas. Ela era incessante, insistente e raras vezes faltavam-lhe o fôlego. Era inocente, inconseqüente e não media esforço para fazer-se feliz. Preenchia demasiadamente todas as partes de si, era fiel e segura de si. Era diferente dos outros, mas nunca soube dizer por que, era delicada e decidida, tinha o charme de uma grega ou de uma troiana, era corajosa e sabia lutar, era determinada e ao mesmo tempo sucumbida. Sabia morrer, mas sabia se de edificar. Era linda e portava-se como uma dama. Sabia seu valor e não desperdiçava. Nunca viveu em função dos outros, nunca soube contentar-se com pouco. Mas falhou no Amor, amou demais e este foi seu erro. O erro foi imponente, foi cruel. Devaneou, morreu de Amor, mas continuou viva.


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Ultimamente eu estou gostando desse papo de falar de mim, então resolvi falar de mim e mesclar com isso uma das obras que eu mais gosto de Pablo Picasso Dora Maar Au Chat, se deliciem ....
Maísa Gomes.



quarta-feira, 12 de maio de 2010

Marcus Vinícius de Melo Moraes

"E por falar em saudade ,onde anda você ? Onde andam seus olhos que a gente não vê, onde anda esse corpo que me deixou louco de tanto prazer.
E por falar em beleza onde anda a canção que se ouvia na noite dos bares de então, onde a gente ficava, onde a gente se amava, em total solidão.
Hoje saio da noite vazia, numa boemia sem razão de ser.
Da rotina dos bares, que apesar dos pesares, me trazem você.
E por falar em paixão da razão de viver, você bem que podia me aparecer nesses mesmos lugares, na noite nos bares, onde anda você?"

segunda-feira, 10 de maio de 2010

De repente vinte ...

Pois é, duas décadas. Hoje faço 20 anos, não me sinto muito diferente de quando eu tinha apenas uma década, por incrível que pareça, talvez um pouco mais esperta, mais madura, mas sem dúvidas com muitas barreiras em meu coração, muito mais do que quando eu tinha apenas dez ou quinze. Tô vivendo uma nova idéia de vida, um lado mais reservado para família, não tenho mais muita paciência para festas ou gentinha inútil, que não acrescenta nada no mundo. As pessoas pelas quais hoje me apaixono, são as que lutam, que já sofreram e as que têm uma carga excessiva de confiança em si, nos outros e no futuro. Olhando para trás, se é que é possível, eu vi o quanto já andei, apesar da pouca idade, já vivi muito [Não que eu esteja cansada de viver] vivi a minha vida, vivi a dos outros, vivi até a de que eu nem conheço, nunca usei nenhum tipo de droga, a não ser que caipirinha agora seja droga, adoro uma caipirosca, adoro ouvir música bebendo vinho com meus pais e falando do passado, das coisas que já passamos juntos e até imaginando as muitas que passaremos sempre juntos ...
Reavaliando as coisas, acredito que ainda não consegui nem metade do que eu almejo, mas to seguindo ...
Tenho muitos planos pra daqui em diante, muitos mesmo.
Terminar meu curso
Partir para um mestrado
Torna-me totalmente independente
Comprar um cachorro
Comprar um apto
Casar
Ter filhos
E enfim seguir vivendo

domingo, 9 de maio de 2010

Um anjo chamado Mãe.

Uma criança pronta para nascer perguntou a Deus:
- "Dizem-me que estarei sendo enviado à Terra amanhã... Como eu vou viver lá, sendo assim pequeno e indefeso?"
E Deus disse: - "Entre muitos anjos, eu escolhi um especial para você. Estará lhe esperando e tomará conta de você.
"Criança: - "Mas diga-me: aqui no Céu eu não faço nada a não ser cantar e sorrir, o que é suficiente para que eu seja feliz. Serei feliz lá?"
Deus: - "Seu anjo cantará e sorrirá para você... A cada dia, a cada instante, você sentirá o amor do seu anjo e será feliz."
Criança: - "Como poderei entender quando falarem comigo, se eu não conheço a língua que as pessoas falam?"
Deus: - "Com muita paciência e carinho, seu anjo lhe ensinará a falar."
Criança: - "E o que farei quando eu quiser Te falar?"
Deus: - "Seu anjo juntará suas mãos e lhe ensinará a rezar."
Criança: - "Eu ouvi que na Terra há homens maus. Quem me protegerá?"
Deus: - "Seu anjo lhe defenderá mesmo que signifique arriscar sua própria vida."
Criança: - "Mas eu serei sempre triste porque eu não Te verei mais."
Deus: - "Seu anjo sempre lhe falará sobre Mim, lhe ensinará a maneira de vir a Mim, e Eu estarei sempre dentro de você."

Nesse momento havia muita paz no Céu, mas as vozes da Terra já podiam ser ouvidas. A criança, apressada, pediu suavemente:- "Oh Deus, se eu estiver a ponto de ir agora, diga-me por favor, o nome do meu anjo."
E Deus respondeu : - "Você chamará seu anjo de ... MÃE!"

sábado, 8 de maio de 2010

Ô Dunga, bota o Neymar aí pô!


Eu não entendo muito do ramo futebolístico, maaaaaaaaaaaaaaas ultimamente é só isso que perguntam – O Dunga vai levar Neymar à copa? Pelo pouco que assisti e vi na TV, esse bixinho é muito foda! Ele tem que ir. Ouço muita gente dizer: Que nada o Brasil se afundando e esse patriotismo degenerado dominando. Concordo que em época de copa o Brasil parece outro país, as pessoas se cumprimentam e o assunto é demasiadamente sempre o mesmo - a copa. As pessoas esquecem os problemas, as dividas, as intrigas, é mesmo um sentimento, uma emoção que só quem sabe explicar é quem vive esse patriotismo, é o fiel Brasileiro aquele que veste a camisa, que falta o trabalho, que chora e sofre como se um ente estivesse a beira da morte. Isso é contagiante as crianças se pintam de verde e amarelo, as ruas, as casas se enfeitam, o Brasil fica realmente colorido, contagiante. Estou confiante nesta copa e tenho certeza que o Brasil não depende apenas de um jogador para ganhar, a equipe que um dos sete anões formar estará muito bem preparada. Independente de Ganso, pato, galinha, galeto, codorna, pica-pau e tudo que é ave que possa existir o verde-louro dessa flâmula vai erguer esta taça!

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Carlos Lyra, grande!

Se você quer ser meu namorado...Ah, que lindo namorado você poderia ser.
Se quiser ser somente meu exatamente essa coisinha, essa coisa toda minha que ninguém mais pode ser... Você tem que me fazer um juramento de só ter um pensamento: Ser só meu até morrer... E também de não perder esse jeitinho de falar devagarinho essas histórias de você.
E de repente me fazer muito carinho e chorar bem de mansinho sem ninguém saber porque...
E se mais do que meu namorado você quer ser meu amado, meu amado, mas amado pra valer aquele amado pelo amor predestinado sem o qual a vida é nada, sem a qual se quer morrer.Você tem que vir comigo em meu caminho e talvez o meu caminho seja triste pra você...
Os seus olhos tem que ser só dos meus olhos, os seus braços o meu ninho no silêncio de depois e você tem que ser a estrela derradeira meu amigo e companheiro.

- Minha namorada - Carlos lyra [Modificado]

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Leitores

"Mostre-me uma família de leitores, e lhe mostrarei o povo que dirigirá o mundo"
Napoleão

terça-feira, 4 de maio de 2010

Acreditando sem Ver

Um imperador disse ao rabino Yeoschoua Ben Hanania:

- Eu gostaria muito de ver o vosso Deus.

- É impossível – respondeu o rabino.

- Impossível? Então, como posso confiar minha vida a alguém que nãoposso ver?

- Mostre-me o bolso onde tem guardado o amor por sua mulher. E deixa-me pesá-lo para ver se é grande.

- Não seja tolo; ninguém pode guardar o amor num bolso.

- O sol é apenas uma das obras que o Senhor colocou no universo e, no entanto, você não pode olhá-lo diretamente. Não pode ver o amor, mas sabe que é capaz de apaixonar-se por uma mulher e confiar sua vida a ela. Não lhe parece evidente que existem certas coisas em que confiamos sem ver?


- Paulo Coelho -

sábado, 1 de maio de 2010

Isaura

Isaura
Vi Isaura a primeira vez quando eu tinha uns dois anos de idade, não me recordo muito bem como foi nosso primeiro encontro. Mas lembro com clareza sete dos dez anos que Isaura ficou em minha vida.
Isaura era uma mulher de uns 60 anos de idade, gorda, morena, de cabelos pretos, mas os brancos já tomavam conta dos seus cabelos crespos. Isaura tinha olhos negros como à noite e tão doces quanto à lua. Isaura foi uma dos maiores exemplos de vida viva que já tive.
Isaura trabalhava em minha casa na época em que não existia maquina de lavar roupa e o contato com as pessoas era menos sublime, Isaura era lavadeira.
Lembro-me com perfeição quando ela chegava em casa bem cedinho e eu já estava acordada com minha mãe esperando-a. De longe eu podia sentir o cheiro de fumo, já sabia que era ela. Quando ela chegava fazia um carinho em mim e cócegas em minha barriga. Minha mãe ia pegar uma pilha de roupas pra entregá-la e ela começar o “selviço”. Enquanto eu assistia algum desenho na mesa da cozinha, Isaura lavava roupa na área de serviço, ela cantava musicas que eu nunca ouvirá antes. Na hora do almoço Isaura juntava-se a nós na mesa, sempre no mesmo canto. E falava sobre seu marido, uma vez eu o vi, um homem de aproximadamente 65 anos, magro, branco, loiro, daqueles loiros que se diz sarará, ele tinha um bigode branco e meio amarelado e fumava – segundo Isaura: que nem uma caipora. Certo dia Isaura não apareceu la em casa, depois ela ligou dizendo que o seu marido havia falecido. Ela disse que ele encontrou paz e deu paz a ela. Isaura não teve filhos, a única coisa que ela tinha agora era um gato de nome estranho que dormia com ela ao pé da cama. Quando eu estava com uns 9 anos e engordei desesperadamente ela se punha a me dizer: Menina tu além de gorda vai ficar cheia de espinha só come chocolate e você vai ficar que nem eu, não vai ter ninguém que te queira, cuidado! Ai eu dava o meu chocolate a ela. Quando eu fazia alguma coisa errada e minha mãe vinha me dá uns tapinhas eu corria pra Isaura me agarrava em sua saia e ia parar embaixo da pia, e Isaura dizia: Ela não ta aqui não. Ao fim do dia Isaura pegava um pedacinho de papel e enrolava com uma coisa preta e acendia, era o fumo. Ela colocava uma sacola parecida com a de papai Noel nas costas, mas a sacola era branca não sei o que ela levava lá, ela dizia que eram sonhos. E ia embora descendo a rua ...
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Falo de Isaura hoje com carinho e com saudade dessa mulher digna de honra que pude compartilhar a melhor parte da minha infância. Uma brava mulher, sonhadora, honesta, uma trabalhadora brasileira, que como muitas outras levantam cedo e vão à luta... a todos os trabalhadores ...Feliz dia do trabalho!