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domingo, 16 de maio de 2010

Falo assim, mas falo é de mim ...

                                         


Não conseguia ir, mas não podia ficar. Era uma luta incessante contra si. Não sabia mais o que fazer, não podia caminhar. Suas pernas travaram diante daquelas palavras de desprezo. Seu ego havia sido quebrado, se partido em miúdos pedaços. Não seria mais justo colá-lo. Seus olhos aglomeravam lágrimas de candura. Era uma doce criatura, tinha um jeito manso, as vezes era áspera – quando necessário Ser fosse. Sabia falar, tinha um jeito dengoso de Amar, era livre e não podia se prender – mesmo que quisesse. Era calma como uma noite ao Mar, mas podia ser tão brava quanto um siri. Quando conseguiam, admiravam seus olhos negros como ameixas. Ela era incessante, insistente e raras vezes faltavam-lhe o fôlego. Era inocente, inconseqüente e não media esforço para fazer-se feliz. Preenchia demasiadamente todas as partes de si, era fiel e segura de si. Era diferente dos outros, mas nunca soube dizer por que, era delicada e decidida, tinha o charme de uma grega ou de uma troiana, era corajosa e sabia lutar, era determinada e ao mesmo tempo sucumbida. Sabia morrer, mas sabia se de edificar. Era linda e portava-se como uma dama. Sabia seu valor e não desperdiçava. Nunca viveu em função dos outros, nunca soube contentar-se com pouco. Mas falhou no Amor, amou demais e este foi seu erro. O erro foi imponente, foi cruel. Devaneou, morreu de Amor, mas continuou viva.


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Ultimamente eu estou gostando desse papo de falar de mim, então resolvi falar de mim e mesclar com isso uma das obras que eu mais gosto de Pablo Picasso Dora Maar Au Chat, se deliciem ....
Maísa Gomes.



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